Resumo / Descrição

O estudo compõe a pesquisa CNPQ nº 405077/2013-0, centrando-se no eixo dos hospitais e grupos hospitalares, que detêm atualmente destacado poder político e econômico. Considera-se que a tendência de redução do número de hospitais com fins lucrativos faz parte de um processo de consolidação do setor privado no país, com a formação de grandes grupos hospitalares por meio de fusões e aquisições. Descrever características proprietárias, dinâmicas econômicas e estratégias políticas dos hospitais e grupos hospitalares no Brasil entre 2009 e 2015, trazendo elementos que fomentem o olhar crítico para influenciar a regulação do setor. Utilizando fontes como CNES/MS e Valor Setorial, foram selecionados de modo intencional 10 dos 50 maiores hospitais gerais de grande porte. Estes hospitais atendem majoritariamente pacientes pagos por fonte privada. Foi ainda levado em consideração participação no PROADI/SUS; o fato de comporem um dos três maiores grupos hospitalares; e seu faturamento no exercício de 2014. Os 3 grupos hospitalares foram selecionados por critérios implícitos. A composição societárias e indicadores financeiros foram analisados com dados obtidos de diversas fontes. Foi ainda analisada a atividade política da amostra, utilizando como base dados da mídia corporativa, convencional e projetos de lei. O processo de coleta de dados sobre a estrutura societária resultou em informações sobre a maior parte dos hospitais e os 3 grupos. As formas jurídicas das unidades apresentaram dois diferentes padrões de organização empresarial: sociedades anônimas de capital fechado e associações privadas. A pesquisa na mídia corporativa revelou que a maior parte dos dados está relacionada à realização de parcerias entre hospitais, grupos hospitalares e empresas privadas, além da evidência na mídia com notícias relacionadas a fusões, aquisições e vendas. Em relação aos indicadores econômico-financeiros, foi possível visualizar o acúmulo de capital destas empresas e processo de expansão dos grupos. Hospitais privados e grupos hospitalares apresentam algumas estratégias como formação de oligopólios e defesa do enxugamento da estrutura empresarial características de um processo de financeirização, porém não se pode afirmar que ocorre em todo o setor. Resultados obtidos sugerem que o atual setor privado é uma indústria que não caminha em sintonia com o projeto universal de saúde.