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26/05/2005 by 

Atendimento é considerado bom

Folha de S. Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

A imagem de insatisfação da população com a qualidade dos serviços de saúde prestados não é confirmada pelos dados da pesquisa do IBGE. Pelo contrário, em 2003, quase a totalidade (98%) dos brasileiros que procuraram atendimento afirmaram que foram atendidos. A avaliação da qualidade do atendimento também é positiva: 86% classificaram como bom ou muito bom e apenas 2,6% disseram ter sido ruim ou muito ruim.
Esse quadro não difere do que já havia sido verificado em 1998, quando a mesma pesquisa já havia constatado que o grau de atendimento e satisfação era alto.
Para a pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Cláudia Travassos, uma possível explicação para essa satisfação da população com os serviços prestados é o sentimento de gratidão de quem conseguiu ser atendido.
“Esse resultado pode ser influenciado pela sensação de gratidão. A dificuldade de obter atendimento pode ser tão grande que, quando a pessoa é atendida, a satisfação dela é maior do que a dificuldade que teve para ter acesso ao serviço”, diz Travassos.
Entre os poucos (2% da população) que disseram ter procurado o serviço de saúde e não ter conseguido atendimento, os motivos mais citados foram a falta de senha ou vagas (48,9%) e de médicos (25,5%).
A maioria dos brasileiros também faz -assim como também aconteceu em 1998- uma boa avaliação de sua saúde. Para 78,6% dos brasileiros, seu estado de saúde é bom ou muito bom. Apenas 3,4% disseram que ele é ruim ou muito ruim.
No que diz respeito ao acesso aos serviços de saúde, o dado que mais preocupou os técnicos do IBGE e do Ministério da Saúde que participaram da pesquisa foi o alto percentual de brasileiros que afirmaram que nunca foram ao dentista. Em 2003, essa proporção era de 15,9% da população, ou 28 milhões de brasileiros. Em 1998, no entanto, esse quadro era pior: a proporção era de 18,7% da população, ou 30 milhões de brasileiros.
O IBGE procurou pesquisar também os motivos que levaram brasileiros a não procurarem um serviço de saúde. Na maioria dos casos (97%), o motivo alegado foi não sentir necessidade. Entre os cerca de 5 milhões de brasileiros que disseram que não procuraram serviços médicos mesmo sentindo necessidade, os motivos mais citados foram falta de dinheiro (23,8%), atendimento demorado (18,1%), distância ou dificuldade de acesso (12,7%) e incompatibilidade de horário (12,7%).

Plano de saúde
A proporção de brasileiros que possuem plano de saúde (privado ou do funcionalismo público) permaneceu praticamente inalterada de 1998 para 2003. Era de 24,6% e caiu apenas 0,1 ponto percentual em 2003, chegando a 24,5%. A única mudança verificada nesse setor pela pesquisa é que, no caso dos planos privados, caiu o percentual de brasileiros com esse tipo de plano que tinham a mensalidade paga integralmente pelo empregador. Em 1998, a proporção era de 22% e, em 2003, caiu para 19%.
Travassos, da Fiocruz, constatou ainda que os planos de saúde atendem principalmente a população que declarou ter menos doenças crônicas e melhor estado de saúde.
“A cobertura de plano de saúde concentra-se nas populações urbanas, nas classes de maior rendimento familiar mensal e com melhores condições de saúde”, diz a pesquisadora.

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