Fonte: Redação da Agência Aids em parceria com o Instituto Vida Nova
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Mario Scheffer, pesquisador do GPDES, realiza a palestra magna da 20ª Conferência Municipal de Saúde de São Paulo.
Com o tema “Democracia e Saúde: Saúde como Direito e Consolidação e financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde), a cidade de São Paulo recebeu, no último final de semana, no Centro de Convenções Anhembi, a 20ª Conferência Municipal de Saúde. Realizado a cada dois anos, o evento reuniu aproximadamente 1500 moradores, trabalhadores da saúde e gestores públicos que debateram e sugeriram propostas para melhorar o SUS na capital paulista.
Na palestra magna, o professor Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, chamou atenção para temas como financiamento, gestão, recursos humanos e controle social do SUS. “As experiências ruins com o SUS desencorajam os cidadãos a participar, o que gera o divórcio da população com o serviço. Porém, nos lugares onde ele funciona, entrega saúde integral e de qualidade. O SUS é viável e indispensável, pois 50% da população depende exclusivamente desse tipo de atendimento”, afirmou.
De acordo com o professor Scheffer, “vivemos uma crise política sem precedentes, com fraturas na convivência democrática e é nesse contexto que devemos retomar o SUS como projeto coletivo. Precisamos de lideranças novas, com agudo interesse público, como David Capistrano e Adib Jatene, grandes nomes da saúde que foram capazes de gerar resultados de saúde em contextos adversos”, disse.
Apesar das reformas ao longo das últimas décadas, o SUS continua em crise de financiamento, de gestão e de recursos humanos, observou. “Admitia-se que seria possível a convivência com outros modelos, quando foram implantadas as Organizações Sociais de Saúde (OSs), ou mesmo outras que não foram implantadas. Mas agora temos que conversar. Esse modelo tornou a gestão mais ágil e eficiente? Resolveu as filas? Os serviços são resolutivos? Os usuários estão satisfeitos? Houve economia de recursos dos cofres públicos?”, questionou, sob aplausos da plateia.
“No mínimo, temos de exigir um comando único municipal, precisamos de maior controle social sobre os contratos e os convênios e devemos exigir metas de funcionamento do serviço, sobre a remuneração e o controle da gestão e dos recursos humanos”, disse Mário Scheffer.